domingo, janeiro 17, 2010

As Sete Pregas do Hakama







                                                Chu - Dever e Lealdade
 
 “Primeira” dentre todas as virtudes do samurai estava a “Lealdade”. Todos dentro da estrutura Samurai tinham um mestre a quem deviam a sua lealdade. Mesmo o Shogun, que estava no “topo da pirâmide”, devia lealdade aos Deuses, e carregava o dever de fazer o que ele acreditava que os Deuses determinavam. Cada um deles precisava submeter suas próprias vontades à vontade de seu mestre. Isto, mais do que qualquer outra coisa é o motivo porque eles não eram simplesmente chamados de “Bushi” - “guerreiros” - mas de Samurai ,“aquele que serve”. No mundo moderno, ocidental, nós vemos geralmente a lealdade como algo que é dado. No Japão feudal era algo ganho, era a finalidade de viver. “Se a vontade dele apenas deixasse o seu mestre em primeiro lugar em importância”, explica o Hagakure, “seus familiares se alegrariam, e os  Deuses e Buda dariam seus consentimentos. Para um guerreiro não há nada mais do que pensar em seu mestre.” Se, por sua vida e morte, você serviu bem seu mestre, então você viveu uma vida boa. Nenhum objetivo pessoal ou satisfação poderiam se igualar a esse serviço.




                                                Gi - Justiça e Moral

A concepção de moralidade do Samurai não era a mesma concepção ocidental de evitar o pecado. Era mais uma questão de escolher suas ações baseados nos conhecimentos racionais de certo e errado, e de não oscilar na decisão. Emoções nos levam a oscilar. Sentimentos egoístas nos afastam do caminho justo, e a generosidade pode também nos afastar de fazer o que nós sabemos em nossas mentes o que é correto. Ambos são exemplos de fraquezas. Se moralidade é agir com princípios, apesar dos interesses pessoais, então talvez, justiça é fazer a escolha com princípios quando nenhum interesse próprio está envolvido. Na ética Samurai estes eram, realmente, os mesmos conceitos. Se você soubesse o que era certo, você tinha que fazer aquilo. A força de transformar aquele conhecimento em ação era essencial para um guerreiro, assim como é para qualquer pessoa justa de moral.


                                                                                                  

                                                Makoto - Sinceridade Completa

 Sinceridade pode ser entendida como uma forma de grande verdade. No mundo moderno, nós geralmente entendemos que suas palavras são verdadeiras com seus sentimentos. Mas no mundo Samurai, isso quer dizer algo muito mais além de ser alcançado: que suas ações devem ser verdadeiras com as suas palavras. Não era simplesmente uma expressão verdadeira do estado de sua mente; era uma promessa. Uma expressão de simpatia era julgada vazia a menos que fosse acompanhada de uma ação. A palavra de um Samurai era literalmente seu vínculo. Onde a cultura Judia-Cristã considerava a mentira como um pecado, para os olhos de um Samurai, era fraqueza. Então, igualmente, era um equívoco. Um homem ou uma mulher forte deveriam falar a verdade, e ter a coragem de viver com ela e por ela.




                                                         

                                                          Rei - Educada Cortesia *

Os costumes japoneses de educação são renomados ao mundo afora. Para algumas culturas, eles parecem extremos e difíceis de serem entendidos. “Cortesia” é uma expressão de completa simpatia. Ela floresce do mesmo ideal da “regra de ouro” Cristã, mais é levada para um alto grau de “atenção”. “Cuidado” é não fazer nada que possa fazer com que uma outra pessoa se sinta confusa, ou na obrigação de retribuir. Se dois conhecidos se encontrassem na chuva e somente um tivesse um guarda-chuva, qual é a atitude cortês de se fazer? Ele poderia dar o seu guarda-chuva para a pessoa desprotegida, mais isso poderia fazer com que a pessoa que recebesse se sentisse no dever de aceitar. Ele poderia dividir o guarda-chuva se eles fossem amigos íntimos, mais caso contrário, isso poderia fazer com que o outro aceitasse uma situação de proximidade, o que poderia trazer um certo desconforto. Aquele com o guarda-chuva, então o abaixaria, para dizer ao seu conhecido que ao invés de correr o risco de o colocar em uma situação embaraçosa, ele irá, alegremente, dividir a sua condição e ficaria molhado.



                                              
                                                 Jin - Compaixão

Como muitas palavras japonesas, uma única tradução direta para o português não é sempre possível. Jin pode também ser pensado como“benevolência”, uma palavra que nós derivamos do significado latin de“o bom desejo” ou “a boa vontade”. Compaixão ou benevolência eramcrenças da fundação verdadeira de liderança e, certamente, do governo. O líder benevolente tinha respeito com aqueles que ele conduzia. O príncipe ou o Shogun não precisava governar através do medo ou com brutalidade aqueles que o seguiriam dispostos. Isso é também relacionado com o conceito europeu de obrigação de um nobre - que as pessoas de altos postos criam obrigações para aqueles de posições inferiores. No caso do Samurai, isso era o reconhecimento que uma pessoa que comandou com lealdade absoluta aqueles abaixo dele na sociedade, tinha a obrigação de usar bem e de forma compassiva as vidas que ele controlava. O cultivo das artes e da poesia - para dar ao Samurai meios evidentes de expressar suas sensibilidades mais finas - era também um meio de desenvolver aqueles sentimentos. Era conhecido que sem essa sensibilidade, um homem não seria capaz de benevolência, nem compaixão.


                                                
                                               Yu - Coragem Heróica 

A coragem é admirada universalmente hoje em dia. Era o samurai diferente? Talvez somente no que eles faziam numa fria distinção entre a coragem para sua própria causa, o que eles desprezavam, e a coragem em uma causa digna. Enquanto um verdadeiro samurai não temia a morte, ele não morreria de forma leviana, nem jogaria sua vida fora simplesmente para mostrar coragem. Embora a cultura do Samurai fosse extensamente famosa pelo incentivo ao suicídio, o Samurai sabia igualmente que às vezes era necessário mais coragem para viver e o homem bravo, herói, é aquele que é forte o bastante para fazer o que é certo. A coragem era uma virtude que era ensinada desde uma idade precoce. A criança Samurai enfrentava dificuldades, e situações desconhecidas e de incertezas… e aprendia que elas poderiam sobreviver à esses momentos. O objetivo era a “própria-posse”, porque somente uma pessoa que estivesse verdadeiramente no controle de si mesma, poderia se entregar a seu mestre. Esta, naturalmente, era a virtude mais elevada.




                                                Meyio - Honra 

O conceito do Samurai da “honra” é talvez o mais difícil de descrever. A similaridade entre as palavras do português de “honra” e de “honestidade” nos conduzem para um trajeto errado. Meiyo tem mais em comum com o “bom nome” (reputação) de uma pessoa. É de algumas maneiras ligado com o conceito de “estima”. Inzo Nitobe disse que a falta disso é uma vergonha, era uma perda de identidade e apontou o quão longe poderia ir um homem para evitar a sua perda. A boa reputação dos todos os Samurai foi certamente zelada. Era considerado inaceitável se fazer qualquer coisa “que divergissem da conduta Samurai”, que pudesse enfraquecer a reputação da sua classe. Era igualmente inaceitável permitir que o nome Samurai fosse insultado. Durante o período Edo, quando os guerreiros não tinham nenhuma guerra para lutar e a honra se tornou um assunto muito discutido. Histórias sobre cidadãos inocentes que disseram ou fizeram algo, ainda que pequeno, que ofendessem o orgulho de um Samurai… brevemente se encontrariam partidos no meio. Claramente, abusos como esse indicam a força do desejo de se evitar uma vergonha. Honra era para ser protegida. Em deferimento apenas à vontade do mestre. Se o mestre comandasse uma ação desonrosa, um Samurai poderia defender a sua honra, com a mais sincera forma de protesto: O Suicídio. Mais se uma pessoa agisse de forma apropriada em todas as circunstâncias, então ninguém tinha o direito de criticá-la. A honra era, verdadeiramente, fruto da perfeição.







NOTA: Nas Artes Marciais o "rei" é uma das principais saudações; no início e término da maioria das Artes emprega-se o ritual do "reigasho"
Saudações:  "ritsu rei" (em pé), e, "rei" ou "za rei" em posição seiza
O "rei" também pode em alguns casos ser traduzido por "espírito"




             Esclarecimentos gentilmente feitos por 

Osvaldo Fontoura Neto 
Bujutsu Sensei

Domo Arigato Shidoshi


 



         

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